Casados transformam ninho vazio em local mais aconchegante para dois
Quando Pedro deixou a casa dos pais para estudar no interior de São Paulo, há aproximadamente três anos, causou um vazio: no quarto e no coração dos pais, Edson e Marcia. Danielle, a filha mais velha de Edson, já não morava com eles.
“Na época, a sensação é de que estava faltando um pedaço”, diz Edson. Na prática, faltava o diálogo diário, a companhia, alguém à mesa e sobrava comida, porque Marcia demorou para acertar a quantidade que deveria cozinhar só para ela e o marido.

“Eu e o Edson já ficávamos muito tempo juntos, afinal, trabalhamos no mesmo local. Quando chegávamos em casa, era prazeroso conversar com uma pessoa diferente, pedir opinião, ouvir comentários e fazer brincadeiras”, lembra Márcia. Mas, quando o casal se deu conta, teria de fazer isso e todo o resto a dois. Caiu a ficha… Estavam ‘enfim sós’ (de novo).
Aí veio a pergunta: ‘O que é que vou fazer com essa tal liberdade?’
. A resposta veio aos poucos, quando eles passaram a aproveitar a falta de compromisso de voltar para casa no horário, a matrícula na academia, as idas ao cinema, os encontros com amigos, os planos de viagens e passeios a dois e uma intimidade que não poupa cômodos da casa ou hora para acontecer. Para Edson, eles voltaram a ser um “casal solteiro”.

A tristeza, principalmente no início, é muito comum e os especialistas têm um nome para ela: síndrome do ninho vazio. Depois do período de adaptação, porém, vem a parte positiva disso tudo: sobra mais tempo para o casal partilhar (ou até retomar) a vida a dois.
Lá no sul de Minas, o casal Elizabeth e João Resende sentiu o ninho esvaziar-se aos poucos. “Quando a primeira saiu, a sensação era de que eu tinha que me preparar para que não fizesse desse episódio uma coisa triste, mas sim de esperança e de encorajamento. Foi muito difícil quando as duas [filhas] foram morar juntas em São Paulo, o mais novo continuou em casa por um tempo, mas, mesmo assim, foi muito difícil. Eu me lembro de, nessa época, fazer almoço chorando”, recorda Elizabeth.
Se por um lado as lágrimas acompanhavam as refeições, agora, quando os filhos vão aos fins de semana, é só alegria. “Quero sempre fazer o melhor para eles –o suco que gostam, a comida preferida, a roupa lavada e passada, sentar juntos no sofá”.

Apesar de sentir a falta dos filhos, João diz que é bom ver os filhos se preparando para a vida e reconhece que é bom ter “um tempo a sós com a mulher”. Elizabeth conta que as idas ao cinema e a restaurantes aumentaram e até sobrou tempo para ir a academia.
O motivo da saída dos filhos pouco importa (estudos, independência, casamento), de uma hora para outra, lá está o casal sem precisar esperar o filho chegar. O jeito é aproveitar o ninho vazio para deixá-lo mais aconchegante para dois, enfim sós.
